A 26ª edição da COP (Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas), que acontece até o dia 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia, traz à tona não apenas as questões climáticas, mas também discussões relacionadas à saúde, na busca pela adoção de ações que possam salvar ou melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas no mundo.
Preocupada com os avanços dos problemas climáticos no mundo, a SBEM ampliou, recentemente, as ações da antiga Comissão Temporária de Desreguladores Endócrinos, que passou a se chamar Comissão de Endocrinologia Ambiental, presidida pela Dra. Elaine Frade Costa. Segundo a especialista, uma das primeiras atividades foi a campanha contra os desreguladores endócrinos (DEs), realizada no dia 5 de junho deste ano, no Dia Mundial do Meio Ambiente, amplamente divulgada nas redes sociais e no site da Sociedade.
Desreguladores Endocrinos
De acordo com a Dra. Elaine, os DEs são substâncias químicas exógenas, ou mistura destas, que interferem em qualquer aspecto da ação hormonal. Eles podem ser encontrados em muitos produtos da vida cotidiana, como garrafas plásticas, latas de alimentos de metal, detergentes, alimentos, brinquedos, cosméticos, pesticidas, além da poluição, alterarndo a função hormonal de importantes glândulas, como a tireoide, por exemplo. “Os mecanismos de ação são diversos, podem tanto estimular ou inibir as vias hormonais”, afirma.
Segundo o membro da Comissão de Endocrinologia Ambiental, Dr. Márcio Mancini, os desreguladores podem contribuir para o aumento da obesidade na população. “Eles interferem no balanço energético, mudando a ação de neurônios hipotalâmicos, comprometendo células tronco mesenquimais em linhagem adipocitárias, aumentando a expressão de genes lipogênicos e promovendo a hipertrofia e hiperplasia do tecido adiposo”, explica o médico.
Além do excesso de peso, conforme a Dra. Vivian Ellinger, membro da Comissão, estudos mostram que os desreguladores interferem na reprodução humana. “Inúmeras pesquisas mostram que, nas últimas décadas, houve uma redução no número de espermatozóides e da qualidade de esperma”, conta. “Estudos, utilizando estratégias de avaliação direta de desreguladores endócrinos, têm mostrado uma relação causal com fecundidade, infertilidade, piores desfechos em reprodução assistida e diminuição de reserva ovariana”, explica a médica.
De acordo com Dra. Elaine Frade Costa, além de uma divulgação em massa contra os Desreguladores Endócrinos, a SBEM vem tomando decisões importantes, que mostram grande preocupação com o meio ambiente. Uma delas, segundo a especialista, é a criação da versão digital do AE&M (Archives of Endocrinology and Metabolism, revista científica da SBEM), que passou a ser disponibilizado apenas no formato virtual, contribuindo para a diminuição no uso de papel.
“Além disso, há uma orientação para que todos os congressos e eventos da SBEM utilizem materiais recicláveis, com redução do uso de materiais plásticos em seus estandes”, comentou.
“É importante que todos os médicos, associados ou não, se conscientizem sobre as questões do meio ambiente e esclareçam à população sobre os Desreguladores Endócrinos, para que as pessoas entendam mais sobre a exposição humana e os efeitos deletérios à saúde”, finaliza.
Integram a Comissão – Dra. Elaine Frade Costa (SP), presidente, Dr. Marcio Mancini (SP), Dra. Vivian Ellinger (RJ), Dra. Tania Aparecida Sanchez Bachega (SP) e Dra. Maria Izabel Chiamolera (SP).