Pesquisa Brasileira sobre Diabetes Gestacional

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Pesquisa Brasileira sobre Diabetes Gestacional

por site em 7 de junho de 2021


Pesquisa sobre diabetes gestacional, feita no Centro Integrado de Diabetes e Hipertensão do Ceará, ganha destaque internacional. O sono, o humor e o ritmo circadiano foram avaliados.

Distúrbios do Metabolismo da Glicose

O estudo foi apresentado no Endo 2021, pela Dra. Cristina Façanha,  ex-membro da Diretoria Nacional da SBEM. Ela é professora da Faculdade de Medicina do Centro Universitário Unichristus e coordenadora do ambulatório de diabetes e gravidez do Centro Integrado de Diabetes e Hipertensão do Ceará, local onde o trabalho foi realizado, em parceria com o laboratório do sono da Universidade Federal do Ceará.

A endocrinologista explicou que os distúrbios do metabolismo da glicose são uma complicação comum da gravidez, e levam a um maior risco de problemas na gestação. A associação com distúrbios no ritmo circadiano demonstrou ser um fator de risco adicional para algumas destas complicações.

“A gravidez é um fenômeno cíclico, por natureza. O desalinhamento do ritmo circadiano materno pode levar a distúrbios na organização temporal das funções fisiológicas e metabólicas. A associação entre distúrbios do ritmo e diabetes tem sido descrita na gestação, e desenvolvemos este estudo para investigar a influência destes distúrbios no desenvolvimento de complicações maternas e fetais durante a gravidez no DMG”, detalhou a Dra. Cristina.

Os distúrbios do ritmo circadiano podem levar a um risco adicional na gravidez em mulheres com diabetes gestacional. A Dra. Cristina explica que em comparação com outras mulheres grávidas com diabetes gestacional, aquelas com preferência por atividades noturnas (ou seja, com cronótipos vespertino) tinham três vezes mais chance de ter pré-eclâmpsia, que é hipertensão induzida pela gravidez. Seus bebês tiveram quatro vezes maior risco de precisarem ser tratados em uma unidade de terapia intensiva neonatal, relataram os investigadores do estudo.

Além disso, estas mulheres apresentaram sintomas mais frequentes de depressão, bem como pior qualidade do sono, insônia e sonolência diurna, mostraram os dados. O cronótipo vespertino permaneceu como um fator de risco independente para pré-eclâmpsia, mesmo após ajuste de possíveis fatores confundidores nos testes estatísticos, disse a Dra. Cristina Facanha

“Estes resultados derivam de um estudo de coorte prospectiva onde foram acompanhadas 305 mulheres com diabetes gestacional do 2º ao 3º trimestre de gravidez.”

O trabalho ganhou grande destaque na imprensa internacional especializada. Além de ser divulgado pela Endocrine Society, a pesquisa foi citada também em publicação da American Diabetes Association. Para a Dra. Cristina Façanha, o tema atraiu a atenção porque, apesar de ser um estudo epidemiológico simples, é um conhecimento que não havia sido descrito na literatura.

“Poucos estudos recentes têm avaliado o ritmo circadiano de gestantes normais, porém não temos nenhum estudo de como o ritmo pode afetar a gestante com diabetes. Pacientes com DMG têm um risco maior ainda de complicações. É muito importante estudar e descobrir os fatores que possam estar associados a estas complicações para instituir medidas de prevenção”, finalizou.