Orientações do Departamento de Adrenal e Hipertensão em relação ao uso inadequado “Fadiga Adrenal”.

O termo “Fadiga Adrenal” tem sido inadequadamente utilizado por alguns profissionais da área de saúde e mesmo pela mídia, para definir uma condição clínica de falência funcional da glândula adrenal (suprarrenal).

Argumenta-se que a exposição crônica de um indivíduo a situações de estresse mental e/ou físico poderia levar à deficiência relativa da produção de cortisol pela glândula adrenal (suprarrenal), culminando com a “Fadiga Adrenal”. Desta forma, alguns profissionais alegam que estaria justificada a reposição de doses baixas de glicocorticoides para pacientes nestas condições específicas.

Não há, no entanto, nenhuma fundamentação científica que dê qualquer sustentação à existência desta condição clínica, denominada “Fadiga Adrenal”. Assim, a prescrição de corticoides, com o argumento de tratar-se a “Fadiga Adrenal” é injustificável, pois não é possível tratar-se algo que não existe.

A prescrição e utilização crônica de corticoides, com esta justificativa, além de não trazer nenhum benefício comprovado, pode trazer danos para o paciente, predispondo a alterações metabólicas (elevação da glicose, aumento da pressão arterial, aumento do colesterol e dos triglicérides e ganho de peso) e a alterações físicas (sobrepeso, obesidade, estrias e hematomas na pele, além do aumento do depósito de gordura no rosto e no tronco).

Várias queixas e sintomas são erroneamente atribuídos à denominada “Fadiga Adrenal”, tais como: falta de energia, desânimo, cansaço, perda de memória, dificuldade para concentra-se, sonolência, desempenho físico insatisfatório, palpitações, dores musculares e articulares, cefaleia, dificuldade para perder peso, queda de cabelo, pele seca, infecções recorrentes de vias aéreas, entre outros. Essas queixas, no entanto, são na verdade causadas por outros problemas de saúde, que devem ser devidamente investigados e tratados pelo profissional de saúde responsável e habilitado.

A “Fadiga Adrenal” é uma condição clínica que não existe. A prescrição de qualquer dose de corticoide, com o falso argumento de tratá-la, é injustificável e imprudente, podendo inclusive trazer prejuízos para a saúde do paciente.

O Departamento de Adrenal e Hipertensão (gestão 2021/2022) é composto pelos seguintes especialistas: Leonardo Vieira Neto (RJ), presidente; Dra. Flavia Amanda Costa Barbosa (SP), vice-presidente; e os diretores – Dr. Madson Queiroz de Almeida (SP), Dr. Claudio Elias Kater (SP), Dra. Milena Coelho Fernandes Caldato (PA), Dr. Guilherme Asmar Alencar (SC) e Dra. Adriane Maria Rodrigues (PR).