Na semana de 6 de abril, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) tomou conhecimento de um Posicionamento da Associação Brasileira de Harmonização Orofacial (ABRAHOF), sugerindo que a suplementação de Vitamina D poderia ter efeitos na melhora da imunidade e na prevenção/terapia da Covid-19.
A SBEM, através de seu Departamento de Metabolismo Ósseo e Mineral, em conjunto com a Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (ABRASSO) elaboraram uma nota de esclarecimento manifestando seu total repúdio às orientações de tal Associação.
O documento pode ser acessado em arquivo PDF, no link a seguir, ou o texto na íntegra.
Nota de Esclarecimentos sobre Vitamina D e Covid-19
Nota de Esclarecimento da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (ABRASSO): Vitamina D e Covid-19
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), através do seu Departamento de Metabolismo Ósseo e Mineral, e a Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (ABRASSO) vêm a público manifestar total repudio às recomendações da Associação Brasileira de Harmonização Orofacial (ABRAHOF) para uso de altas doses de colecalciferol (vitamina D3) como estratégia de otimização de imunidade frente ao novo coronavírus (COVID-19).
As possíveis ações extra-esqueléticas da vitamina D são temas de interesse científico. Entretanto, não existe, até o presente momento, nenhuma indicação aprovada para prescrição de suplementação de vitamina D visando efeitos além da saúde óssea.
Recentemente o Jornal italiano, “La Reppublica” publicou uma matéria sobre um estudo realizado na Universidade de Turim, o qual relaciona a hipovitaminose D a Covid-19, uma vez que parte dos pacientes com o vírus apresentavam níveis baixos de 25-hidroxi-vitamina D (25OHD). Baseado neste achado, a reportagem sugere que a vitamina D poderia atuar na prevenção e no tratamento ao COVID-19.
Este estudo ainda não foi publicado em nenhuma revista científica, não tendo sido disponibilizados os dados mais relevantes como número de participantes, idade dos pacientes e os níveis de 25OHD no sangue. Não causa surpresa o achado de níveis séricos mais baixos de 25OHD em pacientes com formas moderadas a graves da COVID-19, já que as comorbidades apresentadas comumente por esses indivíduos (por exemplo, doenças crônicas, doenças inflamatórias, obesidade e diabetes) são primariamente ASSOCIADAS à deficiência de vitamina D. Esta associação NÂO determina causalidade, ou seja, NÃO indica relação de causa x efeito, e NENHUM estudo clínico randomizado já demostrou qualquer benefício do uso de vitamina D para prevenção ou tratamento da Covid-19.
Por fim, a nota da ABRAHOF realiza recomendações completamente infundadas sobre suplementação de Vitamina D na prática clínica, colocando inclusive, de maneira irresponsável, o Posicionamento da SBEM de 2014 sobre esse tema como uma de suas referências. Altas doses de colecalciferol, como as 600.000 unidades indicadas pela ABRAHOF como dose de ataque, são sabidamente deletérias ao esqueleto, promovendo aumento da reabsorção óssea e do risco de quedas e fraturas. Além disso, essas doses excessivas podem agudamente desencadear hipercalcemia e hipercalciúria, com consequentes riscos de insuficiência renal, crises convulsivas e morte.
Dessa forma, reforçando o compromisso da SBEM e da ABRASSO com a divulgação de informações corretas, relevantes e com respaldo científico, reprovamos de maneira veemente qualquer profissional ou associação que tente se aproveitar deste momento de crise para divulgar notícias ou posicionamentos distorcidos, desprovidos de respaldo científico e com possível impacto deletério para a saúde da população brasileira.
Rio de Janeiro, 08 de abril de 2020
Dr. Miguel Madeira
Presidente do Departamento de Metabolismo Ósseo e Mineral da SBEM
Dr. Bruno Ferraz-de-Souza
Diretor Científico ABRASSO
Dr. Rodrigo O. Moreira
Presidente SBEM
Dr. Charlles Heldan de Moura Castro
Presidente ABRASSO
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