FAQ Obesidade

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FAQ Obesidade

por site em 12 de março de 2010


Você perguntou e nossos consultores responderam. Estão disponíveis as respostas de 22 Perguntas Mais Frequentes (FAQ – Frequency Answer Questions), sobre as dúvidas relacionadas à obesidade e sua dificuldade de tratamento. Responderam às questões os doutores Giuseppe Repetto, Amélio Godoy-Matos, Márcio Mancini e Dalisbor Silva.

1- O uso da sibutramina não apresenta risco de retornar o peso após a parada do tratamento?
Dr. Giuseppe Repetto: QUALQUER medida antiobesidade que existe no nosso mercado, apresenta o risco de reengorde após a parada do seu uso.

2- Por que depois de um tempo tomando Anfepramona para emagrecer, o remédio não faz mais efeito em mim?
Dr. Giuseppe Repetto: Porque a Anfepramona é um derivado da Anfetamina, e essas drogas a curto prazo (2 a 4 meses), apresentam "tolerância", o que leva a sensação do seu efeito anorexígeno.

3- Existe um tratamento multidisciplinar gratuito contra ganho de peso?
Dr. Giuseppe Repetto: Infelizmente não.

4- Há previsão para o SUS abrir inscrições para a cirurgia bariátrica?
Dr. Giuseppe Repetto: O SUS já apresenta há 3/4 anos a possibilidade de candidatar-se à cirurgia bariátrica, junto aos serviços por ele credenciados. O encaminhamento dessas inscrições deve ser feito através das secretarias regionais de saúde.

5- A cirurgia da obesidade é uma tentativa de minimizar a doença, já que a cura não existe?
Dr. Giuseppe Repetto: Não, a cirurgia da obesidade é uma forma de tratamento eficaz a longo prazo para a cura da maioria dos casos de obesidade mórbida.

6- Por que os endocrinologistas não fazem como os nutricionistas e adequam a dieta para cada pessoa, ao invés de entregar uma dieta não personalizada de quantas calorias devem ser ingeridas?
Dr. Amélio Godoy Matos: Os endocrinologistas podem fazer assim também, mas no fundo a forma de prescrição de uma dieta é a mesma. Ou seja, é oferecido um modelo básico com uma lista de substituições. Daí o paciente faz seu próprio cardápio. Não há segredos numa dieta. A informação contida é, em resumo: comer pouco, comer de tudo, evitando açúcar refinado e os alimentos que o contêm, mais restrição de gordura. O segredo está em o paciente aderir à dieta. E isto depende da interação médico/paciente e da capacidade do médico fazer o paciente aderir e compreender o que lhe foi prescrito. O outro segredo é a utilização de medicamentos antiobesidade. Todos os estudos mostram que os medicamentos são mais eficazes no emagrecimento do que dieta e exercício apenas. Um recente e excelente estudo mostrou que o tratamento comportamental (ensina a mudar o comportamento e mudar o estilo de vida) é capaz de fazer perder peso, mas o medicamento associado ao tratamento comportamental foi melhor do que o tratamento comportamental apenas.

7- O tratamento da obesidade deve ser encarado como o tratamento de uma doença crônica?
Dr. Amélio Godoy Matos: SIM! A obesidade é uma doença crônica. A sugestão atual é que, obtendo qualquer sucesso, os medicamentos devem ser mantidos. Claro que a dieta e os exercícios, idem. Aliás, não mais devemos falar em dietas. O certo é mudança de estilo de vida. E mudança significa para sempre.

8- O que leva uma criança a ser obesa, quando os pais e a família não são obesos e nem têm sobrepeso?
Dr. Amélio Godoy Matos: A obesidade na criança depende de dois fatores: a genética e a influência do meio ambiente. A suscetibilidade genética depende de um conjunto de genes que se expressam numa mesma pessoa. Assim, mesmo que uma criança não tenha os pais obesos, ela pode carregar genes herdados das linhagens materna e paterna. Imaginem um gene A, que sozinho é incapaz de gerar obesidade. Ela herda do pai este gen. Mas, a mãe tem um gene B ou outros genes que podem dar esta suscetibilidade. Associados, os genes A + B (ou mais C) podem facilitar o ganho de peso na criança. Mas a influência ambiental é fundamental. Logo, mesmo sendo filha de pais magros, mas vivendo hoje num ambiente de sedentarismo, muita comida rica em calorias etc, a obesidade pode aparecer. Quanto mais cedo e quanto mais pesada a criança, maior a probabilidade de um defeito genético.

9- É possível tratar sem problemas uma criança obesa?
Dr. Amélio Godoy Matos: Claro! Apenas alerto para que seja tratada por um especialista ou um grupo especializado. Nem todo endocrinologista tem formação para tratar uma criança obesa. Além do mais, nunca permita que uma criança seja tratada com fórmulas de emagrecimento, freqüentes em consultórios de médicos "da moda" que não sejam endocrinologistas. Favor checar junto à SBEM.

10- Se o problema é compulsão alimentar, por que operar o estômago?
Dr. Márcio Mancini: A cirurgia de gastroplastia redutora pela técnica de Capella leva a redução das compulsões alimentares. O mecanismo que leva a esse fenômeno é pouco conhecido e não envolve pura e simplesmente a redução do volume da câmara gástrica. Postula-se a existência de mecanismos neuro-hormonais, como alterações dos níveis de ghrelina, peptídeo YY e oxintomodulina, que são hormônios gastrointestinais liberados após a ingestão de alimentos.

11- Até que ponto a genética pode influir no aparecimento da obesidade? O gene sempre vai se expressar ou ele pode apenas constar no código genético e se expressar nos meus filhos?
Dr. Marcio Mancini: A influência genética na obesidade envolve múltiplos genes. Essa influência pode ocorrer desde em um único gene que necessariamente fará com que o individuo seja obeso, até em vários genes que levarão a leves suscetibilidades. A pessoa pode ter vários genes com pequena influência, mas que unidos geram o ganho de peso e a obesidade. A situação de apenas um gene fazer com que o paciente seja obeso é bem mais rara. O que é aceito atualmente é que o individuo obeso, geneticamente, estaria correto para um ambiente no qual ele foi selecionado nas gerações passadas, mas para o ambiente atual (urbano-moderno), onde encontramos comida gordurosa em abundância e sedentarismo, está desajustado.

12- Certa vez, ouvi que na França estava sendo desenvolvida uma técnica que serviria para isolar o gene defeituoso da obesidade. É verdade?
Dr. Marcio Mancini: Isso está sendo feito em vários paises do mundo, mas nós sabemos que não será encontrado um único gene responsável. É o que falei na questão anterior. Hoje se sabe que a causa é múltipla.

13- Problemas com intestino podem levar uma pessoa a engordar?
Dr. Marcio Mancini: Não. O fato de o intestino funcionar todos os dias ou não, não faz com que a pessoa engorde. Alguns genes estão relacionados a uma capacidade maior ou menor de absorver o alimento que se ingere, principalmente gorduras. Tem gente que absorve 100% da gordura, mas tem gente que absorve apenas 95% e o resto fica no organismo. Essas pessoas que absorvem 100% têm uma probabilidade maior de engordar. Usar laxantes não é indicado para emagrecer.

14- Até que ponto a obesidade interfere na parte sexual e como tratá-la?

Dr. Marcio Mancini: Está comprovado que relacionamentos sociais e romances são menos frequentes entre obesos. Os obesos saem menos de casa, têm diminuição de auto-estima, e isso colabora para uma diminuição dos relacionamentos. Agora, uma vez existindo o relacionamento a obesidade pode, sim, interferir no relacionamento sexual. Ela está relacionada à redução da testosterona, o que pode levar a redução de libido e a problemas de ereção nos homens. Já nas mulheres, existe uma redução dos níveis de hormônio feminino e aumento no nível dos masculinizantes. As mulheres têm aumento de pêlos, irregularidade menstrual e falha na ovulação. As chances de todos esses problemas se resolverem, com uma perda de peso na ordem de 10%, são bem grandes.

15- Existem problemas decorrentes do uso de inibidores de apetite?
Dr. Marcio Mancini: Todos os remédios têm efeitos colaterais e os inibidores de apetite também. Mas os problemas estão muito mais relacionados à prescrição irresponsável do que à existência deles no mercado. Eu sou contra banir os inibidores do mercado, mas a favor de uma fiscalização mais rigorosa nas clínicas onde são prescritos e vendidos sem critério.

16- Quando utilizar sibutramina e ou femproporex?
Dr. Marcio Mancini: A sibutramina ou a anfepramona ou o femproporex ou o mazindol ou o orlistate podem ser usados em pessoas com obesidade (IMC > 30) ou com excesso de peso (IMC > 25) associado a doenças que melhoram com redução de peso. Os remédios sempre devem utilizados com dieta e atividade física, e nunca como solução milagrosa.

17 – Por que mesmo fazendo exercício físico regularmente e seguindo uma dieta pobre em açúcar, gorduras e carboidratos, não consigo perder peso?

Dr. Dalisbor Silva: É importante avaliar se existe algum distúrbio glandular ou outra doença que possa estar dificultando a perda de peso. No mais, se isto estiver normal, checar o gasto calórico diário e ver se a dieta está adequada para este caso.

18 – Existe algum tipo de regime alimentar que possa fazer para nunca mais voltar a engordar?
Dr. Dalisbor Silva: A reeducação alimentar consiste justamente na busca de um hábito alimentar saudável, e que possa ser seguido sempre. Não existe dieta que faça emagrecer definitivamente, pois ao voltar a ingerir os alimentos como antes da dieta fará a pessoa ganhar peso novamente.

19 – Como perder peso com mais tranqüilidade sem se privar de tantas coisas?
Dr. Dalisbor Silva: Com auxílio de um endocrinologista ou nutricionista será possível montar um cardápio adequado para cada caso, sem que haja necessidade de grandes privações.

20 – Psicoterapia seria mais efetivo do que outros meios de tratamento?
Dr. Dalisbor Silva: A psicoterapia em determinados casos é um fator coadjuvante no tratamento da perda de peso.

21 – Como tratar a compulsão alimentar?
Dr. Dalisbor Silva: Com medicação adequada e psicoterapia.

22 – Só consigo fazer três refeições diárias. Por que meu organismo começa a engordar quando tento fazer as cinco refeições?
Dr. Dalisbor Silva: Comer "queima" caloria, porém se a quantidade em cada refeição for inadequada, e a soma calórica em 24h for acima da necessidade individual, haverá ganho de peso.

 

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