Vacinação contra SARS-CoV-2 e Insuficiência Adrenal

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Vacinação contra SARS-CoV-2 e Insuficiência Adrenal

por site em 20 de janeiro de 2021


A SBEM, através do seu Departamento de Adrenal e Hipertensão, vem se posicionar em relação à vacinação contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2) em pacientes com insuficiência adrenal.

O documento explica que, em função da transmissibilidade e morbimortalidade da Covid-19, é necessária a vacinação em massa da população e que a presença de insuficiência adrenal não constitui uma contraindicação para a vacinação.

Vejam o conteúdo do documento na íntegra a seguir ou em arquivo em PDF

Posicionamento da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM): Vacinação contra SARS-CoV-2 em pacientes com insuficiência adrenal

A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), por meio do seu Departamento de Adrenal e Hipertensão, vem se posicionar em relação à vacinação contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2) em pacientes com insuficiência adrenal.

Considerando a transmissibilidade do novo coronavírus e a morbimortalidade associada à COVID-19, torna-se necessária a vacinação em massa tanto para controle da transmissão quanto para redução da morbidade e mortalidade pela COVID-19. Embora ainda não exista uma lista completa de contraindicações para uso das vacinas contra SARS-CoV-2 e, considerando os ensaios clínicos em andamento e os critérios de inclusão/exclusão utilizados nesses estudos, entendemos que a insuficiência adrenal não constitui uma contraindicação para a vacinação. Além disso, especificamente pacientes com insuficiência adrenal estão sob maior risco de COVID-19 e maior risco de complicações devido ao potencial de uma crise adrenal. Até que tenhamos mais dados sobre as vacinas contra o novo coronavírus, as prováveis contraindicações, de acordo com o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a COVID-19, são:

1) Indivíduos menores de 18 anos de idade (o limite de faixa etária pode variar para cada vacina, de acordo com a bula);

2) Gestantes; e

3) Pessoas que apresentaram histórico de reações graves, inclusive alérgicas, após o uso anterior da vacina contra a COVID-19 ou de algum de seus componentes.

Assim, recomenda-se que, antes de qualquer vacinação, sejam verificadas nas bulas as informações fornecidas pelos respectivos fabricantes. Além dessas contraindicações, precauções temporárias devem ser adotadas diante das seguintes situações: 1) Em caso de doenças agudas febris moderadas ou graves, recomenda-se o adiamento da vacinação até a resolução do quadro; e 2) Em caso de infecção confirmada por SARS-CoV-2, idealmente a vacinação deve ser adiada até a recuperação clínica total e pelo menos quatro semanas após o início dos sintomas ou quatro semanas a partir da primeira amostra de PCR positiva em pessoas assintomáticas. Tão importante quanto a vacinação contra o novo coronavírus é manter em dia a vacinação contra as outras doenças imunopreveníveis.

Os pacientes com insuficiência adrenal primária (p.ex., doença de Addison, hiperplasia adrenal congênita) e secundária (p.ex., hipopituitarismo, uso crônico de doses suprafisiológicas de glicocorticoides), em seu tratamento crônico, utilizam doses fisiológicas de reposição: hidrocortisona 20-30 mg (10-20 mg ao acordar e 10 mg a tarde) ou prednisona 5 a 7,5 mg/dia (ou prednisolona 5 a 7 mg/dia). No hipopituitarismo, a dose do corticoide pode ser mais baixa (prednisona 2,5-5 mg/dia ou hidrocortisona 15-20 mg/dia). Além da reposição de corticoide, os pacientes com doença de Addison normalmente necessitam também de mineralocorticoide (fludrocortisona 0,1 mg/dia). Para a vacinação contra SARS-CoV-2 não é necessário o aumento da dose do corticoide. Recomendamos que pacientes em tratamento para insuficiência adrenal dobrem a dose de reposição oral do corticoide apenas em caso de reações adversas à vacina, tais como febre, mialgia e/ou artralgia.

Enfatizamos ainda que todos os pacientes devem seguir as recomendações de prevenção como uso de máscaras, álcool em gel e isolamento social feitas pelo Ministério da Saúde, como estratégia principal para evitar infecção pelo novo coronavírus.

Rio de Janeiro, 18 de janeiro de 2021.

Leonardo Vieira Neto – Presidente do Departamento de Adrenal e Hipertensão da SBEM

Cesar Boguszewski – Presidente da SBEM Nacional

Referências:

1. Bornstein SR, Allolio B, Arlt W, Barthel A, Don-Wauchope A, Hammer GD, et al. Diagnosis and Treatment of Primary Adrenal Insufficiency: An Endocrine Society Clinical Practice Guideline. J Clin Endocrinol Metab. 2016;101(2):364-89.

2. Kaiser UB, Mirmira RG, Stewart PM. Our Response to COVID-19 as Endocrinologists and Diabetologists. The Journal of clinical endocrinology and metabolism. 2020;105(5).

3. Fleseriu M, Hashim IA, Karavitaki N, Melmed S, Murad MH, et al. Hormonal replacement in hypopituitarism in adults: An endocrine society clinical practice guideline. Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism. 2016; 101(11):3888-3921.

4. Arlt W, Baldeweg SE, Pearce SHS, Simpson HL. 2 Endocrinology in the time of covid-19: management of adrenal insufficiency. Eur J Endocrinol. 2020 Jul;183(1):G25-G32.

5. PLANO NACIONAL DE OPERACIONALIZAÇÃO DA VACINAÇÃO CONTRA A COVID-19. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis. Coordenação-Geral do Programa Nacional de Imunizações. 1ª Edição. Brasília, 16/12/2020.