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Rastreio, Diagnóstico e Manejo do Hipertireoidismo na Gestação

por Jornalismo SBEM em 13 de outubro de 2022


Recentemente uma publicação reuniu a SBEM Nacional, através do Departamento de Tireoide, e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

O documento aborda o rastreio, diagnóstico e manejo do hipertireoidismo na gestação e foi publicado na Revista FEMINA da Febrasgo e está no prelo para publicação na RBGO (Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia). A previsão é que, em breve, a publicação referente ao hipotireoidismo também seja divulgada.

Até o Resultado Final

A Dra. Patrícia Teixeira, presidente do Departamento, está extremamente satisfeita com o resultado final do documento. A endocrinologista conta que a proposta de um posicionamento sobre o manejo da doença tireoidiana na gestação era um desejo que vinha sendo pensado e avaliado pelo Departamento há algum tempo. “Nossa intenção era escrever um grande guideline, isso ainda nas gestões anteriores com Dra. Gisah Amaral e Dr. José Sgarbi. Entretanto, a ideia foi se modificando e, no início de 2021, pensamos em simplificar para produzir algo mais prático.”

Após novas conversas, com o apoio da Dra. Lenita Zajdenverg, especialista que atua na área do diabetes gestacional e que participa da produção de Consensos em conjunto com a Febrasgo, surgiu a aproximação entre o Departamento de Tireoide e a Febrasgo para a criação de uma força-tarefa, objetivando a produção do documento. A Dra. Patrícia destaca também o trabalho da Dra. Rosiane Mattar, presidente da Comissão Nacional Especializada em Gestação de Alto Risco da Febrasgo, que tinha interesse em um posicionamento sobre o mesmo assunto. “O encontro não poderia ter sido mais perfeito”, comentou a Dra. Patrícia.

Depois de algumas reuniões, as duas sociedades iniciaram um longo trabalho, que envolveu muito debate e encontros frequentes. O Departamento de Tireoide designou os autores para os dois grupos – hipertireoidismo e hipotireoidismo -, enquanto a Febrasgo fez o mesmo processo para a produção do conteúdo. Ao longo dos encontros, diversas perguntas foram levantadas pelos integrantes dos grupos das duas Sociedades, para entender todas as necessidades que os médicos teriam na hora do atendimento de uma gestante com doenças tireoidianas.

A Dra. Patrícia detalha que os grupos tiveram muito cuidado em desenvolver um material que pudesse ser o mais prático possível, com diversos fluxogramas. “Todo o conteúdo foi debatido, incansavelmente, por todos os grupos de trabalho”, reforçou a endocrinologista.

Houve também o cuidado para que o material pudesse ter uma abrangência a nível nacional, sem onerar demais o sistema de saúde. “Esta parceria foi muito gratificante. Depois que cada grupo terminava seu conteúdo o mesmo era apresentado para todos. Com isso, as dúvidas eram esclarecidas passo a passo”.

Pontos-chave do Statement:
  • As alterações fisiológicas da gestação que interferem na produção, liberação e disponibilidade da forma ativa dos hormônios interferem no diagnóstico e manejo do hipertireoidismo durante a gestação.
  • A tireotoxicose gestacional, ou hipertireoidismo transitório, está relacionada com a produção aumentada de gonadotrofina coriônica humana (hCG) e é a causa mais comum de hipertireoidismo na gestação, podendo permanecer até a 18ª semana.
  • O hipertireoidismo não tratado pode levar a repercussões fetais, neonatais e maternas.
  • O tratamento medicamentoso do hipertireoidismo na gestação pode acarretar riscos fetais, neonatais e/ou maternos que o obstetra deve conhecer.
  • A principal patologia associada etiologicamente ao hipertireoidismo na gestação é a Doença de Graves (DG).
  • O diagnóstico de hipertireoidismo na gestação é preferencialmente feito por meio da dosagem de tiroxina livre (T4L) e hormônio estimulador da tireoide (TSH).
  • A dosagem de anticorpo antirreceptor do TSH (TRAb) permite o diagnóstico da DG, que representa uma importante causa de hipertireoidismo.
  • A droga de primeira escolha para o tratamento do hipertireoidismo na gestação no primeiro trimestre é a propiltiouracila (PTU), enquanto no segundo e terceiro trimestres e também no puerpério é o metimazol (MMZ).
  • Durante o aleitamento materno, é permitida a utilização de drogas antitireoidianas.
  • O iodo radioativo (131I) não deve ser utilizado na gestação ou aleitamento materno.

Para acessar a publicação clique aqui.

Departamento de Tireoide da SBEM: presidente: Patrícia de Fátima dos Santos Teixeira (RJ); vice-presidente: Danilo Glauco Pereira Villagelin Neto (SP). Diretores: Rafael Selbach Scheffel (RS), Cléo Otaviano Mesa Júnior (PR), Gláucia Maria Ferreira da Silva Mazeto (SP), Maria Izabel Chiamolera (SP) e Helton Estrela Ramos (BA).

Comissão Nacional Especializada em Gestação de Alto Risco da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo): presidente: Rosiane Mattar;  vice-presidente: Alberto Carlos Moreno Zaconeta; secretária: Mylene Martins Lavado.  Membros: Maria Rita de Figueiredo Lemos Bortolotto, Fernanda Santos Grossi, Vera Therezinha Medeiros Borges, Inessa Beraldo de Andrade Bonomi, Janete Vettorazzi, Carlos Alberto Maganha, Renato Teixeira Souza Felipe Favorette Campanharo, Sara Toassa Gomes Solha, Arlley Cleverson Belo da Silva, Elton Carlos Ferreira