Morfologia e Função Tireoideanas na Deficiência Isolada de Hôrmonio de Crescimento

Eventos Médicos

Morfologia e Função Tireoideanas na Deficiência Isolada de Hôrmonio de Crescimento

por site em 21 de maio de 2008


Marta Regina Silva de Alcântara ; Paula Regina Silva de Alcântara; Luciana M. A. Nóbrega; Roberto Salvatori; Carla Raquel Pereira Oliveira; Manuel Hermínio de Aguiar-Oliveira.
Hospital Universitário – Universidade Federal de Sergipe. Aracaju-SE.

Há complexas relações entre o sistema GH-IGF-I e o eixo hipotalâmico-pituitário-tireoideano. Os hormônios tireoideanos são importantes na iniciação e manutenção do crescimento somático e na regulação de vários fatores de crescimento. A relação entre bócio e acromegalia é bem conhecida, mas o único estudo de volume tireoideano na deficiência de hormônio do crescimento mostrou volume tireoideano reduzido em pacientes com hipopituitarismo. O objetivo deste estudo é avaliar a morfologia e função tireoideanas em adultos afetados com DIGH devido à mutação no receptor do GHRH de Itabaianinha e em heterozigotos para a mesma mutação.

Casuística e Métodos: Foram estudados 3 grupos: Grupo 1- 24 indivíduos com DIGH (MT/MT;9M/15F,43,7 ± 15,8anos); Grupo 2- heterozigotos (18ind,8M/10F,51,1 ± 16,5anos); Grupo 3- homozigotos normais (18ind 7M/11F, 41,8 ± 15anos). Os indivíduos realizaram ultrassonografia da tireóide, avaliação da composição corporal, hormônios tireoideanos (T3, T4, T4 livre), TSH, AAM e IGF-I. comparação entre os grupos foi feita através de Anova e correlações através do coeficiente de correlação de Spearman.

Resultados : O grupo 1 (DIGH) apresentaram menor peso, altura, edp a/i, superfície corpórea, IGF-I e massa magra, além de maior porcentagem de massa gorda em comparação com os grupos 2 e 3. O Grupo 1 apresentou também menores níveis de T3 que o grupo 3 (1,12 ± 0,23 x 1,43 ± 0,2; p < 0,05) e maiores níveis de T4 livre que os grupos 2 (1,2 ± 0,25 x 0,94 ± 0,18; p<0,05) and 3 (1,2 ± 0,25 x 1,01 ± 0,22; p< 0,05), com tendênica a maior TSH em relação ao grupo 3. O grupo 2 apresentou menor edp a/i e IGF-I em relação ao grupo 3 (138,2 ng/ml ± 122,3 x 290,2 ± 160,7; p <0,05). O volume tireoideano foi menor no grupo 1 (3,59 mL ± 2,09) em comparação ao grupo 2 (5,9 mL ± 2,3; p<0,003) e 3 (9,24 mL ± 3,12; p<0,0001). O gropo 2 (heterozigotos) apresentou menor volume tireoideano que o grupo 3 (homozigotos normais) (p<0,003). Quando o volume tireoideano foi corrigido por superfície corpórea, a diferença do volume tireoideano entre os homozigotos afetados (3,16 ml ± 1,69) e heterozigotos (3,97 ml ± 1,68) desapareceu. O volume tireoideano apresentou correlação positiva com o IGF-I (r=677; p<0,0001), peso (r= 0,688; p<0,0001), superfície corpórea (r=0,678; p=0,000), massa magra (r=0,717; p<0,0001) e altura (r=0,748; p<0,0001) e correlação negativa com percentual de massa gorda e T4 livre quando analisados o total de 46 indivíduos. Quando analisados apenas o grupo 1, persiste as correlações positivas com massa magra (r=0,432; p<0,05), altura (r=0,489;p<0,02) e superfície corpórea (r=0,625; p=<0,02).

CONCLUSÃO: O achado de menor volume tireoideano nos indivíduos com DIGH e heterozigotos e suas correlações com altura e IGF-I indica um papel crítico do GH na determinação do volume da glândula tireoideana.