Dia 29 de janeiro é o Dia Nacional da Visibilidade Trans e em 2021 a SBEM, através da Comissão de Diversidade, Equidade e Inclusão Social, preparou diversas ações em uma campanha de esclarecimento.
Além disso, foram reunidos tópicos para serem incorporados à série de maior sucesso do site da SBEM – “10 Coisas Sobre”.
1. Qual a diferença entre sexo e gênero?
O sexo é designado ao nascer como masculino ou feminino, usualmente baseado na aparência dos órgãos genitais externos. Quando os genitais externos são ambíguos, outros componentes do sexo (genitais internos, sexo cromossômico e hormonal) são considerados a fim de atribuir o sexo.
Já o gênero é a percepção intrínseca de uma pessoa de ser homem, mulher, ou alguma alternativa de gênero (por exemplo, não binário) ou combinação de gêneros.
A identidade de gênero de uma pessoa pode ou não corresponder ao sexo atribuído ao nascer.
2. A orientação sexual faz parte da identidade de gênero?
Não. A orientação sexual corresponde à atração física e emocional de um indivíduo por outra pessoa, independentemente de sua identidade de gênero. Identidade de gênero e orientação sexual não são a mesma coisa.
3. O que significa ser transgênero?
O termo é usado para descrever pessoas cuja identidade de gênero difere, em diversos graus, do sexo designado ao nascer.
4. Diversidade de gênero ou de orientação sexual é doença?
Qualquer combinação entre sexo, identidade de gênero e orientação sexual pode ocorrer. Nenhuma dessas características é considerada transtorno de saúde mental. Essas características não são escolhas ou opções de vida. Elas são intrínsecas ao indivíduo, fazendo parte de como a pessoa é.
5. O que é disforia de gênero?
A disforia, quando existe, está relacionada a um intenso sofrimento associado à não adequação ao sexo designado ao nascimento. Este sentimento de não pertencimento é muito individual e também depende da falta de suporte social.
6. Como os profissionais da área da saúde podem ajudar
Dentre as etapas da afirmação de gênero, a terapia hormonal cruzada permite que o corpo da pessoa trans se alinhe ao seu gênero de identificação. A Endocrinologia é uma especialidade médica capacitada para conduzir este tratamento com segurança e eficácia. Através deste tipo de atendimento os especialistas estão colaborando para que a pessoa trans passe a ter mais oportunidades e inclusão social.
7. Terapia hormonal cruzada
Na mulher trans, a terapia hormonal é realizada com doses de estrógenos. O bloqueio da produção/ação de testosterona geralmente ocorre com o uso de doses adequadas de estrógenos. As mudanças corporais iniciam-se por volta de 2-3 meses de tratamento, atingindo a transição esperada variavelmente por volta de dois anos.
No homem trans, a terapia hormonal baseia-se no uso exclusivo de testosterona em doses fisiológicas, com metas e doses variáveis, muitas vezes semelhantes às utilizadas no hipogonadismo. As mudanças corporais iniciam-se em três a seis meses, completando-se, variavelmente, entre dois e cinco anos de terapia.
8. Os efeitos da terapia
A terapia hormonal tanto para mulheres como para homens trans não é isenta de efeitos adversos, que devem ser esclarecidos aos indivíduos, prevenidos e rastreados durante todo o acompanhamento. O tratamento justifica-se pelo grande impacto que promove na qualidade de vida, aceitação social e redução de riscos como o uso abusivo dos hormônios, por exemplo.
9. Acessibilidade à terapia é lei?
A assistência ao paciente deve ser integral, com equipe multidisciplinar, e disponível em todo o território nacional para que o acesso seja universal. A terapia de afirmação de gênero está indicada conforme a Resolução CFM n. 2.265, de 20 setembro de 2019.
10. O preconceito
O ato de rejeição ou preconceito contra pessoas trans é chamado de transfobia e está dentro do espectro da LGBTQIAfobia. Essa atitude é considerada uma violação de direitos da pessoa e revela uma falta de respeito humano. Nos últimos 10 anos, foram relatados cerca de 100 a 180 assassinatos de pessoas trans por ano no Brasil.
Consultoria
O conteúdo teve a produção e consultoria da Comissão com a participação dos seguintes especialistas: Dr. Bruno Ferraz de Souza (representando a CDEI), Dra. Karen de Marca (membro da CT-DEI que liderou este projeto), Dra. Amanda Athayde (RJ), Dra. Elaine Frade (SP), Dr. Emerson Cestari (PR), Dra. Flávia Cunha (PA), Dra. Luciana Oliveira (BA), Dr. Marcio Ditz (DF) e Dra. Poli Mara Spritzer (RS).
A Comissão de Diversidade, Equidade e Inclusão é formada pelos seguintes especialistas: residente: Dr. Bruno Ferraz de Souza – presidente (SP), Dra. Fernanda de Azevedo Corrêa (SP), Dra. Karen Faggioni de Marca Seidel (RJ), Dra. Ticiana da Costa Rodrigues (RS), Dr. Jorge Eduardo da Silva Soares Pinto (RJ) e Dra. Margaret de Castro (SP).
O trabalho foi feito em conjunto com a Comissão de Campanhas (Dra. Carolina Ferraz e Dr. Emerson Cestari) e da Comissão de Comunicação Social (Dr. Ricardo Meirelles, presidente da CCS).