Recentemente a SBEM, através do vice-presidente, Dr. Cesar Boguszewski, recebeu um convite do Dr. Michael Irwig, representante da American Association of Clinical Endocrinologists (AACE) para participar da produção de um artigo sobre o uso e abusos de vários hormônios, que é uma permanente preocupação da Sociedade e dos endocrinologistas brasileiros.
O artigo foi publicado na edição de março de 2020, da Endocrine Practice - link do artigo no AACE Journals - que é a Revista Científica Oficial da AACE. “O conteúdo inclui o mau uso dos hormônios tireoidianos, hormônio de crescimento (GH), testosterona, suplementos adrenais, entre outros, abordando todos os riscos do uso inapropriado, inclusive com impactos econômicos negativos para os sistemas de saúde”, explicou o Dr. Cesar.
O endosso da SBEM ao documento tem uma importância fundamental, pois esse tema vem sendo discutido há muito tempo e é de grande interesse dos associados. A preocupação da SBEM, assim como de outras sociedades internacionais, é com a prescrição abusiva e indiscriminada de hormônios por médicos não especialistas e mesmo por outros profissionais de saúde. Desconhecendo ou deliberadamente negligenciando os riscos terapêuticos envolvidos, não especialistas recomendam tratamentos hormonais para fins estéticos, como terapia anti-envelhecimento ou para doenças que nem mesmo existem, como fadiga adrenal.
“É muito importante a ampla divulgação desse artigo, pois, agora, todos os endocrinologistas dispõem de um posicionamento oficial de uma entidade representativa internacional, endossada pela SBEM, abordando os aspectos mais relevantes em relação ao mau uso de hormônios. Podem inclusive servir como base para processos ético-legais”. A publicação faz uma revisão completa da literatura científica, mostrando as indicações aceitas para o uso dos diferentes hormônios na prática clínica e, principalmente, onde não devem ser usados.
Contexto e Importância do Documento
No texto, os pesquisadores explicam que nas últimas décadas, observou-se um aumento sem precedentes no uso off label e no uso indevido de testosterona, GH, hormônio da tireoide e suplementos adrenais.
A terapia com testosterona é frequentemente proposta aos homens de meia idade ou mais velhos sem doença endócrina estabelecida, com intuito de promover mais disposição, ganho de energia e de libido, enquanto o GH é especialmente usado indevidamente com intuito de retardar ou reverter o processo de envelhecimento.
Já os hormônios da tireoide são há muito tempo empregados, erroneamente, como emagrecedores e os glicocorticoides, oferecidos como tratamento de fadiga crônica e anti-estresse.
No artigo, os autores deixam claro que não há evidências científicas para apoiar esse tipo de prescrição.
“Como todo bom endocrinologista sabe, testosterona, GH, hormônio tireoidiano e glicocorticoides devem ser prescritos como terapia de reposição hormonal a pacientes com diagnóstico de uma doença endócrina estabelecida, como hipogonadismo, hipopituitarismo com deficiência de GH, hipotireoidismo e insuficiência adrenal, situações clínicas em que os benefícios e potenciais riscos de tais tratamentos estão bem consolidados na literatura médica”, detalhou.
O artigo destaca ainda os vários fatores, que contribuíram para o aumento do uso off-label e indevido desses hormônios e suplementos.
Todos têm forte apelo comercial:
- publicidade direta ao consumidor,
- fake news (sites com alegadas informações médicas legítimas que distorcem achados científicos)
- entidades e empresas com fins lucrativos que promovem terapias hormonais com fins estéticos e como fonte de juventude, sem considerar os potenciais riscos inerentes a essa má prática clínica.
A SBEM vem divulgando, com regularidade, alertas em relação aos riscos e os muitos efeitos colaterais desconhecidos do uso indevido de hormônios, e o artigo publicado na Endocrine Practice vem somar aos esforços da entidade.
*Autores - Michael S. Irwig; Maria Fleseriu; Jacqueline Jonklaas; Nicholas A. Tritos; Kevin C.J. Yuen; Ricardo Corre; Georges Elhomsy; Vishnu Garla; Sina Jasim; Kyaw Soe; Stephanie E. Baldeweg; Cesar Luiz Boguszewski; Irina Bancos.
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