Obesidade no Mundo

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Obesidade no Mundo

por site em 5 de junho de 2014


No dia 29 de maio, foi exibida uma matéria no Jornal Nacional, da Rede Globo, sobre o aumento da obesidade no mundo. Os dados apresentados tiveram como base os resultados de uma pesquisa realizada pela Universidade de Washington (EUA), que analisou informações de 180 países. O Dr. João Lindolfo falou sobre o assunto. Confira o texto abaixo na íntegra.

 

 

“O esteio para o tratamento da obesidade ainda é a mudança do estilo de vida, que basicamente é a implantação de uma dieta duradoura, pelo menos na intenção, e uma atividade física prazerosa, se possível.

Nós, endocrinologistas, não damos alta para nossos pacientes, eles são crônicos. Nossas prescrições são sempre de uso contínuo. A obesidade não tem cura, o indivíduo pode ficar bem enquanto está vigilante. Não existe um tratamento simplista. A gula, como um dos sete pecados capitais, era uma visão muito ingênua e pejorativa do assunto. Vários são os fatores que determinam o ganho de peso, como o comportamento, a genética, a urbanização global, as tendências alimentares etc. Portanto, ninguém é obeso porque quer, e esta multiplicidade de fatores, sozinhos ou combinados, pode e leva à falência do tratamento.

Os anorexígenos não são para todos, mas são para uma boa parcela da população. Um número muito pequeno de pacientes consegue perder peso. E, deste grupo, um número menor ainda consegue manter. Não existe rua sem risco. Não existe remédio sem efeito colateral. Como tudo em medicina o médico tem que avaliar o risco-benefício. Os anorexígenos podem levar a eventos adversos? Podem sim, em uma minoria. A obesidade pode levar a complicações? Pode sim, em uma maioria.

A pesquisa Vigitel 2013 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) indica que 50,8% dos brasileiros estão acima do peso ideal e que, destes, 17,5% são obesos. Como aborda-los?

Não podemos deixar nossa população descoberta. Hoje só temos duas medicações para o tratamento da obesidade. Uma delas é acessível para uma população de maior poder aquisitivo, e outra com preço menor, é ainda acessível uma parcela ainda pequena da população. O que fazer com os pacientes, que não são poucos, que não podem comprar ou não respondem a estas medicações?

 O que temos hoje pode não ser o ideal, mas é melhor do que nada”.

João Lindolfo Cunha Borges

Professor de Endocrinologia da Universidade Católica de Brasília