Inflamação de Baixo Grau, Obesidade, e Resistência à Insulina em Adolescentes

Eventos Médicos

Inflamação de Baixo Grau, Obesidade, e Resistência à Insulina em Adolescentes

por site em 28 de janeiro de 2008


"Low-Grade Inflammation, Obesity, and Insulin Resistance in Adolescents"

Autores: Christian Herder, Sophie Schneitler, Wolfgang Rathmann, Burkhard Haastert, Heiko Schneitler, Horst Winkler, Renate Bredahl, Erik Hahnloser, and Stephan Martin
Revista: J Clin Endocrinol Metab 92: 4569-4574, 2007

Por: Erika Paniago Guedes
Comissão de Valorização de Novas Lideranças

Em adultos, a elevação sistêmica da concentração de proteínas de fase aguda e citocinas, que constituem marcadores de inflamação de baixo grau, e a redução de adiponectina predizem o desenvolvimento de diabetes tipo 2 (DM2). A análise do papel da inflamação de baixo grau na resistência à insulina (RI) e DM2 em crianças e adolescentes é relevante, já que em adultos a presença de condições inflamatórias crônicas (por exemplo, doença cardiovascular, bronquite, artrite) pode causar confusão na avaliação. Algumas evidências apontam para a associação entre inflamação de baixo grau e risco de DM2 na faixa etária pediátrica, porém ainda sem dados de estudos prospectivos.

Os objetivos deste estudo foram: 1) investigar a associação entre inflamação de baixo grau e medidas de obesidade e metabolismo glicídico, 2) examinar se a associação entre inflamação de baixo grau e RI é independente da obesidade. Foram incluídos 518 adolescentes com idade média de 15,5 ± 0,8 anos. O índice de massa corporal (IMC) e a circunferência da cintura (CC) foram usados como parâmetros de obesidade, enquanto glicemia de jejum, insulinemia e HOMA-ir foram os índices usados na avaliação do metabolismo glicídico; os marcadores imunológicos foram TNF, IL-6, IL-8, IP-10, MCP-1 e adiponectina.

Os resultados mostraram que os níveis de adiponectina foram inversamente relacionados com IMC e CC. Nenhum marcador imunológico se associou aos níveis glicêmicos, mas IL-6, IL-8 e adiponectina (inversamente) foram associados com os níveis de insulina e com HOMA-ir. Ajustes para IMC e CC indicaram que considerável proporção desta associação pode ser mediada pela obesidade.

O impacto da obesidade no risco de DM2 em crianças e adolescentes e consequente morbidade cardiovascular precoce tem sido foco constante de discussão. Considerando o crescente aumento da prevalência de obesidade na faixa etária pediátrica, é alarmante o achado de um padrão pró-inflamatório em adolescentes, já que este reconhecidamente relaciona-se ao aumento do risco cardiovascular em adultos. Novos estudos prospectivos são necessários na determinação da relevância do processo inflamatório subclínico no risco de DM2 em pacientes mais jovens. A possibilidade de instalação precoce de DM2 e de doença cardiovascular deve ser considerada na abordagem do excesso de peso em crianças e adolescentes.