Essa semana, as notícias sobre a liberação de agrotóxicos e uma nova forma de classificação destes produtos preocuparam diversos segmentos da sociedade. Mas o que a endocrinologia tem com isso? Muito mais do que imagina e por isso a SBEM vem fazendo um trabalho de esclarecimento há muitos anos.
Campanhas, Pesquisas e Debates
A SBEM vem debatendo há muito tempos sobre a influência dos desreguladores endócrinos no organismo e os efeitos ligados ao consumo de agrotóxicos.
Em 2008, a SBEM já lançava uma campanha de esclarecimento sobre o Bisfenol A, que ganhou grandes proporções, modificando comportamentos e produtos que continham a substância.
Em 25 de junho de 2018, a SBEM também se posicionava, oficialmente, sobre um texto da Comissão Especial da Câmara dos Deputados que propôs modificações no sistema de regulação de agrotóxicos, seus componentes e afins.
Segundo o documento, as alterações propostas flexibilizavam essa regulação, “negligenciando os riscos à saúde e ao meio ambiente, que o uso indiscriminado destes compostos pode causar”. Na ocasião, o documento foi assinado pelo Dr. Fábio Trujilho (presidente da SBEM Nacional – 2017/2018) e pela Dra. Elaine Frade (presidente da Comissão de Desreguladores Endócrinos – 2017/2020) – o documento pode ser acessado neste link.
As Novas Decisões
Sobre as decisões em relação aos agrotóxicos, a Dra. Elaine Frade explica que desde 2018 está havendo uma movimentação nos órgãos públicos na tentativa de minimizar os riscos existentes à saúde com o uso dos produtos.
Na entrevista, ela explica o que está acontecendo atualmente e os perigos das decisões que foram tomadas, já que é uma questão de saúde pública. O relaxamento das regras pela Anvisa é preocupante, segundo a presidente da Comissão, como explica na entrevista.
[entrevista em áudio]
Estas substâncias têm uma ação desreguladora endócrina, que é uma reação crônica, prejudicial em longo prazo, mesmo em pequenas quantidades. “Elas demoram as ser detectadas”, explica a Dra. Elaine.
Mais Debates Científicos
Durante o Congresso de Atualização em Endocrinologia e Metabologia, CBAEM 2019, o tema será debatido em simpósios e um guia sobre disruptores endócrinos traduzido para o português pelo Dr. Cesar Luiz Boguszewski. É uma parceria da SBEM com a Endocrine Society e a organização não-governamental IPEN e será lançado durante o evento.
Mostrando a importância do tema para a comunidade de endocrinologistas, uma das conferências plenárias será da americana Dra. Michele Andrea La Merrill – “Global health impacts of exposure to endocrine-disrupting chemicals”, que foi uma das autoras do guia..
O presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, Dr. Davide de Carvalho, também estará presente. Recentemente, a SPEDM enviou à União Europeia uma carta para que medidas de combate a uso de substâncias nocivas à saúde fossem combatidas.
Assim com no Brasil, a preocupação é na ação dos desreguladores endócrinos químicos. A notícia ganhou destaque na imprensa portuguesa e é grande a preocupação da SPEDM no impacto na saúde da população. Várias medidas foram sugeridas à União Europeia, como a regulamentação mais específica de produtos. Estudos recentes da Sociedade Portuguesa associaram o uso a problemas como autismo, infertilidade, osteoporose, doenças da tireoide, diabetes, hipertensão e obesidade.
Os dados mostram que o impacto financeiro chega a 157 milhões de euros, anualmente.