Craques de Futebol: Causa ou Conseqüência?

Eventos Médicos

Craques de Futebol: Causa ou Conseqüência?

por site em 17 de junho de 2014


Durante a Copa do Mundo 2014 alguns jogadores são considerados os craques, os destaques de cada Seleção. Mas como um atleta diferenciado se forma? O Dr. Fábio Moura vai explicar em seu artigo sobre “Craques de futebol: causa ou conseqüência?”. Confira . (foto Celso Pupo)

Por Dr. Fábio Moura

Estamos entrando na segunda semana da copa do mundo de futebol e todos os olhares seguem sobre o Brasil e sobre as seleções que aqui estão. Como de costume, os craques de futebol, ídolos e esperança de milhões de pessoas, como Messi, Neymar, Cristiano Ronaldo e Van Persie, além de outros menos prováveis, como o Campbell, da seleção da Costa Rica, são as vedetes.

Nesse contexto, algumas perguntas são inevitáveis: o que caracteriza um craque? É possível fabricar um? Como fazer isso? Bem, não sei se consigo responder a essa pergunta objetivamente. Sendo genérico, poderia afirmar que um craque é uma soma de genética, carisma, preparo psicológico e condicionamento físico. Sendo prático e passeando pela Pubmed e Medline, tentarei responder nesse espaço que me cabe o que caracteriza do ponto de vista muscular um atleta de futebol de elite, como podemos contribuir para melhorar o seu desempenho e os benefícios da prática de futebol para os pobres mortais, como eu.

Do ponto de vista da atividade física em si, o futebol se caracteriza por ser um esporte de moderada a longa duração, com grandes variações na intensidade do exercício durante a sua execução, e com a realização de movimentos complexos. Ou seja, um atleta precisará de resistência física, força e explosão muscular, equilíbrio e coordenação motora.

Um estudo realizado na Itália encontrou maior força nos membros inferiores, rapidez, equilíbrio estático e dinâmico, além de capacidade de salto, nos atletas que disputavam a primeira divisão do futebol italiano. Por sua vez, os atletas da segunda divisão eram superiores a terceira e esses, superiores aos atletas amadores. Ou seja, quanto maior a divisão, melhor o desempenho. Ou, quanto maior o desempenho, maior a divisão, como queiram.

Porém, um estudo brasileiro mostrou que exercícios de força intervalados (alternando, na mesma sessão de treinamento, baixas cargas e muitas repetições, com altas cargas e poucas repetições), simulando o que acontece durante uma partida de futebol, aumentavam a potência muscular em 23% no grupo intervenção em relação ao grupo controle, melhorando o desempenho em campo.A idade de inicio dos treinos parece fazer diferença em termos de performance futibolística.

Avaliando-se crianças entre 9-11 anos foi verificado que aquelas praticantes de futebol há pelos menos 2 anos eram mais velozes e tinham uma coordenação motora melhor que as da mesma idade não praticantes de futebol. Avaliando-se a categoria de “juniores” (aqueles quase profissionais), os que se destacavam tinham iniciados os treinos em idade mais precoce e dedicavam maior tempo de treinamento em relação aos demais.

A função em campo, em outras palavras, a posição em campo também sofreria influência (ou influencia??) a performance muscular. Por exemplo, os laterais apresentam maior desempenho aeróbico e maior pico de torque muscular nos músculos flexores dos joelhos. Por sua vez, os zagueiros e os “atacantes de referência” apresentam maior força e potência muscular. Fica a pergunta: Causa, conseqüência ou ciclo virtuoso?

Do ponto de vista nutricional, encontrei algumas intervenções que parecem contribuir para a melhora do desempenho dos atletas de futebol, fazendo a ressalva que os estudos não são muitos e o n geralmente é pequeno. Uma dieta com frutas e legumes, rica em vitaminas A, C e E, anti-oxidantes naturais, esteve associada com menor produção de radicais livres e menor número de lesões musculares entre jogadoras da liga America de futebol feminino, embora não tenha melhorado o desempenho atlético.

A suplementação combinada de Vitamina C (1.000mg) e E (800u) por três meses também diminuiu o risco de leões entre jogadores de futebol amadores no Brasil. A reposição protéica, tanto com whey protein quanto com a Caseína, na dose de 1gr por kilo de peso corporal, realizada imediatamente após a prática esportiva, impediu a perda de massa muscular e diminuiu o risco de lesões entre jogadores profissionais. A suplementação de Glutamina, na dose de 3,5gramas, com 50gr de carboidratos, 30 minutos antes das partidas aumentou a resistência e diminuiu a fadiga entre jogadores de futebol. Sem esquecer da reposição hidro-eletrolítica adequada, principalmente em algumas sedes, como o Recife, com altas temperaturas e umidade do ar, faz toda a diferença. 125-200ml de isotônicos (que tal água de coco? Não encontrei estudos mas tenho muita curiosidade) iniciados após a primeira hora de exercício.

Em conclusão, parece que um craque de futebol é a soma de características inatas, aperfeiçoadas ao longo do tempo, a capacidades adquiridas. O tempo de início e o grau de dedicação parecem fazer diferença, Finalmente, algumas intervenções nutricionais, com dieta e suplementação adequadas, podem colaborar nesse processo.

PS: jogar futebol vale à pena, mesmo que assim como eu, você não seja um craque. Na pior hipótese, além de queimar umas calorias a gente se confraterniza com os amigos.