Terapia Hormonal em Baixas Doses e Novos Progestógenos

Eventos Médicos

Terapia Hormonal em Baixas Doses e Novos Progestógenos

por site em 19 de maio de 2008


Dra. Ruth Clapauch – Coordenadora da Divisão de Endocrinologia Feminina e Andrologia, Setor de Endocrinologia, Hospital da Lagoa, Ministério da Saúde; Professora de Pós-Graduação em Endocrinologia, Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro.

Os últimos estudos sobre Terapia Hormonal da Menopausa (THM) produziram questionamentos quanto à sua real eficácia, efeitos adversos, doses e esquemas seguramente recomendados. Estas incertezas alavancaram o desenvolvimento de produtos com quantidades menores de hormônios e novos progestógenos.

Tem sido sugerido que a THM em baixas doses promoveria efeitos benéficos semelhantes à convencional com menores riscos. Desde o Estudo HOPE foram observados menores efeitos colaterais com THM em baixas doses, porém a melhora do perfil lipídico, dos sintomas vasomotores e diminuição da reabsorção óssea foram proporcionais à dose utilizada. A sintomatologia climatérica dura em geral de 2 a 5 anos , atenuando-se com o decorrer do tempo. Em nosso Serviço, onde a THM é individualizada de acordo com as queixas da paciente, pesquisamos a dose usada por 115 mulheres, escolhidas aleatoriamente, sem sintomas de hipoestrogenismo ou efeitos colaterais da medicação, com média de idade de 53,57 anos (41- 77) e tempo médio de menopausa de 7,74 anos (1- 29) . THM em baixas doses foi mais prevalente em mulheres após 55 anos de idade ou 7 anos de menopausa e nas que apresentavam mioma (p=0,017). Como sangramento indesejado é a principal causa de abandono de tratamento, baixas doses podem contribuir para a adesão, evitando sangramentos imprevisíveis. Não houve associação de dose com IMC, histerectomia, ooforectomia e alterações mamárias.

A medroxiprogesterona, progestógeno com efeito glicocorticóide , foi implicada em muitos dos resultados negativos dos estudos randomizados sobre THM. A busca por novos progestógenos , mais semelhantes à progesterona natural, foi acelerada. Além da atividade progestogênica,podem ocupar outros receptores esteróides, produzindo os efeitos a seguir:

 

Antimineralocorticóide

Glicocorticóide

Androgênico

Antiandrogênico

Progesterona

sim

não

não

(fraco)

Dihidrogesterona

(fraco)

não

não

(fraco)

Trimegestona

(fraco)

não

não

(fraco)

Drosperinona

sim

não

não

sim

Nomegestrol

não

não

não

(fraco)

Ciproterona

não

sim

não

forte

Gestodeno

sim

sim

sim

não

Norgestimato

não

não

sim

não

Dienogest

não

não

não

sim

Se bem usadas,estas propriedades podem constituir vantagem. Em mulheres hipertensas drogas natriuréticas seriam úteis; nas hirsutas a ação anti-androgênica seria desejável, e assim por diante. Novos esquemas de tratamento vem sendo explorados, como uso de progestógeno intermitente a cada 3 dias, de THM através de DIU e a pulsoterapia , através do estradiol nasal. Com isso, aumentam as opções do médico.

Atenção deve ser dada sobretudo à paciente. Os estudos observacionais mostraram resultados benéficos em cerca de 180.000 mulheres que usaram THM durante mais de 20 anos em doses convencionais com medroxiprogesterona. Porém estas mulheres foram selecionadas,submetidas à triagem clínica específica , e no início da menopausa .

O tipo de progestógeno e a dose ideal de THM capazes de devolver o equilíbrio e qualidade de vida são peculiares a cada paciente e decrescem com o decorrer do tempo.